
O escritor chileno Luís Sepúlveda morreu, nesta quinta-feira, em decorrência de complicações por conta da Covid-19, confirmaram fontes da família ao espanhol El País. Sepúlveda ficou internado desde fevereiro, dias após uma visita a Portugal.
Segundo o jornal El País, o autor estava no Hospital Universitário Central de Astúrias, em Oviedo, Espanha. De facto, Sepúlveda foi um dos primeiros pacientes infetados por coronavirus em Espanha.
O autor de “O velho que lia romances de amor” começou a sentir-se mal em 25 de fevereiro, sendo internado no mesmo dia diagnosticado com uma pneumonia aguda.
Dias antes, Sepúlveda esteve no festival literário Correntes d’Escrita, na Póvoa de Varzim, conta o Observador. Após a confirmação, todos os participantes foram isolados, mas ninguém manifestou sintomas da Covid-19.
Sepúlveda foi fruto de uma época conturbada na história. Viu a ditadura de Augusto Pinochet, no seu país de origem, onde foi torturado por agentes do Estado. Vivendo-as desde criança, foram estas convulsões sociais que o fizeram um contador de histórias.
Nasceu em Ovalle, Chile, em 4 de outubro de 1949. “Profundamente vermelho” desde o nascimento, como se declarava, foi militante de diversos movimentos de esquerda na América Latina, mas acabava quase sempre desencantado.

Escreveu mais de 20 romances, livros de viagem, guiões e ensaios, mas foi a fábula o género porque é mais conhecido. Abandonou o Chile em 1977, passando por diversos países da América Latina, até finalmente instalar-se em Gijón, nas Astúrias.
Algumas dessas criações foram adaptadas ao grande ecrã, como “O velho que lia romances de amor”, pelo australiano Rolf de Herr, e “História de uma gaivota e do gato que a ensinou a voar”, pelo italiano Enzo D’Alò.
Na obra de Sepúlveda, o perdedor era personagem principal. Ao El País, num encontro de leitores, o escritor chileno definiu a boa história como “a história dos perdedores, porque os ganhadores escreveram a sua própria história”.