
Tussen Kunst en Quarantaine. A expressão vem do holandês, mas invadiu as redes sociais em todo o mundo em isolamento. Agora, se os museus não podem receber o público fisicamente, a “arte caseira” lá entra, ao lado dos grandes mestres que a inspira.
Há alguns dias, o Getty Museum, na Califórnia, publicou dez das recriações mais notáveis. O desafio, proposto nas redes sociais do museu californiano no fim de março, era simples: “1. Escolha a sua obra de arte favorita; 2. Encontre três coisas que estejam na sua casa; 3. Recrie a obra com esses itens”.
Ao Yahoo Lifestyle, a responsável pelas redes sociais do Getty, Sarah Waldorf, contou que as caixas de entrada do museu foram “inundadas” com recriações das obras de arte desde o anúncio do desafio, que ficou conhecido como “Getty Museum challenge” (ou “desafio do Getty Museum”, em português).
Porém, a história começou algum tempo antes, no começo da quarentena na Europa, ainda no início de março. Algures, um grupo de amigos holandeses conversava e levantou-se a possibilidade de criar um novo desafio. Nascia assim, a 14 de março, o perfil Tussen Kunst en Quarantaine (Entre Arte e Quarentena), cuja primeira postagem seria a conversa que levou à sua génese.
Pouco mais de um mês desde a conceção do projeto, a conta no Instagram já recebeu e publicou mais de 500 recriações de obras de arte e conta com quase 240 mil seguidores. A célebre “Rapariga com o Brinco de Pérola”, do holandês Johannes Vermeer, interpretada por Anneloes Officier, é a cara deste perfil e, não por acaso, uma das obras mais recriadas pelo público.
Mas não se surpreenda se a rapariga tiver barba: alguns homens também decidiram recriar a clássica pintura do século XVII. Já outras rendições fogem do corpo humano. Pedaços de torrada, bananas, macarrão e cascas de cenoura formam as feições da jovem. O brinco também segue a mesma lógica, é uma ervilha.
No dia seguinte, após o surgimento da página, o Rijksmuseum de Amesterdão encontrou a recriação de Officier a segurar um alho como brinco, passando a segui-la. Deste então, outros “seguidores ilustres”, como definiu a jornalista da Folha de S. Paulo Vanessa Henriques, juntaram-se à lista, como o Museu de Orsay e o Louvre.
Os itens usados nas fotografias também são inventivos. Alhos servem como brinco, luvas formam gansos, uma ventoinha faz a vez de um leque, e até os Legos emulam o não cachimbo de Magritte.